[Creepypasta] A Última Visita

     Como eu saía às 21:00 do trabalho, normalmente quando o relógio marcava 21:55 eu estava virando a esquina de casa. Faziam dois meses que eu estava neste emprego e tudo ocorria perfeitamente bem. Mas desde a nona semana, comecei a perceber que na tal esquina que eu virava, um homem sempre estava ali, parado, me observando. Sempre vestindo um sobretudo preto e um chapéu. Geralmente me encarava fixamente, geralmente alternava os olhares para mim, e para o chão. Sempre que eu virava para ver se o homem ainda estava me encarando, ele virava e ia embora. Isso aconteceu todo dia desde sua primeira aparição há duas semanas atrás. Exceto aos domingos que eu não passava por lá, então não sei dizer.
    O celular despertou, eram 20:55, avisando que faltavam cinco minutos para eu deixar o emprego e seguir meu caminho. Minha maior preocupação nesse dia não era o homem estranho que me observava incansavelmente, e sim a chuva, que estava muito forte. Demorei à sair do trabalho, consequentemente demorei para pegar o ônibus e obviamente, iria chegar mais tarde em casa naquele dia. Eram 22:45, a chuva havia parado há uns dez minutos e chegando na esquina de casa, estranhei que o homem não estava lá. Não dei muita bola, fiquei até aliviado por não cruzar com aquela figura amedrontadora.

    Abrí o portão de casa, meu cachorro não latiu como de costume, fui em direção à porta que, estranhamente, estava aberta. Entrei e me deparei com os corpos de meus pais e irmã mutilados e cobertos com sangue. Fiquei paralisado vendo minha família completamente desfigurada, cortada em pedaços e com seus membros espalhados pelos móveis. A cabeça do meu pai estava sobre um prato em cima da mesa e o corpo da minha mãe dentro do forno ligado.  O cheiro era horrível, um odor que nunca havia sentido. O braço de minha irmã foi arrancado e enfiado garganta abaixo. Descobri o motivo de meu cão não ter latido... cachorro sem cabeça não emite sons. Me virei, ainda sem reação, e li a seguinte frase escrita com sangue na parede: ''PARECE QUE SE ATRASOU HOJE. ESPERO QUE NÃO TENHA SE MOLHADO COMO EU''... O portão bateu novamente. Talvez fosse a última vez que eu o ouvisse.