Meio homem e meio besta. Era essa figura, assustadora, que atormentava meu sono. Com focinho de um animal raivoso e olhos vermelhos, ele ficava parado diante de mim, apenas me observando, enquanto eu, imóvel, era obrigado a olhá-lo durante horas. Era um sonho que se repetia em praticamente todas as noites. Meses após a primeira aparição da criatura em meus, até então, tranquilos sonhos, resolvi pedir ajuda. Fui à biblioteca procurar algum livro sobre demônios, espíritos e etc.
A bibliotecária, então, me deu uma pilha de livros dos quais ela dizia ter, talvez, o que eu procurava. Passei horas estudando, lendo, assimilando os fatos, ligando uma história a outra até que percebi que estava sozinho no local. Uma névoa começou a tomar conta da biblioteca e tudo foi ficando cada vez mais embaçado. Já era noite e a iluminação era fraca. A moça da recepção tinha desaparecido e meu coração quase saiu pela boca quando olhei pro corredor à direita e vi a mesma figura de meus sonhos. Não consegui me mexer, exatamente igual nos pesadelos. Mas algo era diferente dessa vez. A criatura com focinho de animal, olhos vermelhos, dentes pontiagudos, enormes chifres estava indo em minha direção. Lentamente, mas estava. Seu pé era uma pata com cascos e muito pêlo. Ele parecia uma mistura tenebrosa de vários animais com um demônio. Foi se aproximando e meu coração foi acelerando. Seu olhar era penetrante e, aterrorizado, eu não conseguia parar de olhá-lo, talvez estivesse em choque demais para desviar. Chegou perto o suficiente para eu sentir sua respiração e sentir também o horrível odor de enxofre que ele exalava. Com um grunhido alto, repleto de baba e uma gosma estranha eu acordei. Ainda estava lendo um livro na biblioteca e a criatura havia sumido. Mas foi tão real quanto o cheiro de enxofre que ainda está no ar.
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